Essa é uma questão que gera controvérsias. Afinal, o psicopedagogo pode diagnosticar distúrbios ou não? 

Faz parte do processo avaliativo psicopedagógico estabelecer um diagnóstico a fim de que o profissional possa não rotular, mas sim estabelecer estratégias de intervenção com o aprendentente. 

Para a psicopedagogia, os instrumentos utilizados para o levantamento diagnóstico constitui-se também como um instrumento de intervenção. A habilidade do psicopedagogo é que enriquece um objeto, transformando-o em um instrumento de avaliação. 

O diagnóstico psicopedagógico se baseia em hipóteses e exclusões. Ele consiste em um levantamento de informações onde se faz necessário o parecer de outros profissionais, tanto da área da saúde quanto da educação. 

Exemplo real

Em 2020 eu atendi uma criança de 11 anos que apresentava dificuldades na matemática já diagnosticada com Discalculia. Em minha avaliação utilizei os seguintes instrumentos: 

EOCA

PROVAS OPERATÓRIAS PIAGETIANAS

TÉCNICAS PROJETIVAS

LEITURA

ESCRITA

Parei aqui. A criança não conseguia ler e escrever corretamente. Tampouco, conseguia interpretar o texto que lia. O esforço que fazia para ler era tão grande, que ao terminar a frase, já não se lembrava o que leu. Logo desconfiei que não se tratava de discalculia, mas sim de dislexia. 

Fiz mais algun testes cabíveis, como de TDAH, Dislexia, Discalculia, Processos atencionais e encaminhei essa criança para uma avaliação com Fonoaodiólogo e Neurologista sob suspeita de Dislexia, Discalculia e Transtorno de Deficit de Atencão e Transtorno de Desenvolvimento da Linguagem. 

Sobre a minha perspectiva psicopedagógica, comecei a trabalhar o processo de intervenção com essa criança enquanto aguardávamos os pareceres dos outros profissionais. 

Portanto, sim. O psicopedagogo pode e deve fazer um diagnóstico, levantar e descartar hipóteses. Mas sobretudo, deve se lembrar que sua profissão é olhar além do diagnóstico. 


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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