Em uma perspectiva tradicional de educação para crianças com deficiência, pais, professores e terapeutas podem tirar conclusões precipitadas apenas do que pode ser observado externamente: a dificuldade da criança. A abordagem socioemocional da disciplina positiva, nos ensina a ter um olhar do todo. A enxergar a criança além do seu diagnóstico e a considerar todo o contexto da criança: como seus sentimentos naquele momento, rotina diária e a ter um olhar empático sobre isso para decidir como agir para ajudar a criança a desenvolver determinada habilidade. O seu sucesso com a criança com deficiência é significativamente melhorado quando você a vê e se relaciona com ela como um todo. Quando a criança é desafiada, todo o seu ser é desafiado: pensamentos, sentimentos e comportamentos. Quanto mais o responsável pela criança for capaz de entender o que torna a criança única como uma pessoa por inteiro, mais esse adulto responsável será capaz de selecionar as ferramentas de apoio e orientação que levarão ao desenvolvimento de suas habilidades socialmente uteis a longo prazo. De forma a reconhecer e apoiar a criança como um todo, devemos criar oportunidades para que ela possa desenvolver crenças pessoais afirmativas. Como por exemplo:

Eu tenho a capacidade de entender meus sentimentos e posso demonstrar autocontrole.
Eu posso responder às experiências da vida cotidiana com responsabilidade, adaptabilidade, flexibilidade e integridade.

Entender a crença por trás do comportamento da criança e o objetivo equivocado correspondente permitira que você use as respostas proativas e encorajados da Disciplina Positiva para ajudar a criança a vivenciar sentimentos de aceitação e importância de maneiras socialmente uteis.

Como utilizar a Disciplina Positiva nos Atendimentos Psicopedagógicos?

1. Dividir as tarefas em pequenos passos para que a criança possa experimentar o sucesso – Avalie as limitações da criança e divida a atividade que você gostaria de ensinar por etapas.

2. Pare todas as críticas – As críticas não ajudam e ainda atrapalham a criança e a impede de enxergar sua capacidade.

3. Encoraje qualquer iniciativa positiva – encoraje cada passo dado e comemore cada obstáculo vencido. Lembre-se que a definição de sucesso é diferente para todos. Para alguns pais, sucesso pode ser ver seu filho sendo o campeão do time, para outros, o sucesso se define ao ver seu filho dizendo a primeira palavra aos 7 anos de idade. Comemore cada pequeno passo dado junto com a criança.

4. Confie nas habilidades da criança – Em cada nova atividade realizada, confie

que a criança terá a capacidade de ser bem-sucedida lembrando que tudo que é novo exige prática e treinamento para que fique bom. Mantenha as expectativas baixas no inicio e fé que a criança se sairá bem.

5. Foque nos pontos fortes – até que a criança se sinta encorajada o suficiente para trabalhar nos pontos fracos. Você pode de maneira efetiva usar os pontos fortes da criança e incorporá-los para ajudá-la a realizar uma tarefa difícil.

6. Evite sentir pena – em vez disso, demonstre empatia. A empatia permite você compreender o sentimento e as limitações da criança. A pena impede você de ajudar a criança a se desenvolver pois os pais e professores tendem a enxergar a criança como coitadinha. A criança será ajudada quando pais e professores tentarem entender os sentimentos dela sobre uma situação, não quando sentir pena dela por causa do comportamento mal direcionado.

7. Não desista – Crianças com deficiência sao capazes de aprender novas habilidades. Porem, por exigir mais tempo e dedicação, pode ser frustrante para alguns pais e professores. Mas não desista. Durante esse processo, voe terá a oportunidade de praticar a paciência enquanto ela estiver desenvolvendo novas habilidades.

8. Crie oportunidades para o sucesso – Encorajar qualquer alternativa da criança ajuda você a orquestrar a situação para que a criança vivencie o sucesso, mesmo que em pequenas tentativas de atender às expectativas.

9. Ensine habilidades – Faca do ensino da autorregulação e habilidades sociais uma prioridade. Quanto mais a criança adquirir competência nessas áreas, melhor ela será em responder favoravelmente diante de situações desafiadoras.

10. Mostre como fazer, mas não faça por ela – Em um situação em que a criança apresenta um comportamento socialmente inútil, tente modelar o comportamento mostrando como faz, para ela e pratique. Enquanto isso, espere pacientemente que ela imite a ação esperada de forma independente. Se a criança ainda não tem habilidade de imitação, gentilmente ajude-a a executar a ação. Ofereça esse tipo de suporte inicialmente, se você não sentir resistência física da parte da criança. Enquanto você mostrar como fazer, escute com suas mãos, isto é, quando você sentir qualquer movimento fisico da criança para completar de forma independente, retire gradualmente seu apoio.

11. Encoraje – Use palavras de afirmações positivas para encorajar a criança sobre usas acoes positivas. Isso ajudará a criança a aprender sobre comportamentos sociais úteis .

12. Oriente pais ou professores a como fazer reuniões familiares ou de classe – As reuniões de familia/classe podem ser inestimáveis para abordar preocupações fora do contexto das situações que levam você a se preocupar. A participação da criança na reunião pode ajuda-la a enxergar uma variedade de opções para responder desafios. Considere a capacidade de desenvolvimento e as deficiências da criança quando for escolher o tipo de material visual para documentar ideias na reunião (desenhos, palavras impressas, etc.).

Quando a criança é capaz de resolver problemas, isso pode ser abordado na pauta da reunião familiar ou da sala de aula.

13. Faça o redirecionamento positivo – Uma criança que tem oportunidade de contribuir leva a criança a sentir poder pessoal e construtivo relacionado ao que ela é capaz de realizar e a sentir que tem controle sobre alguma parte de seu ambiente. Baseado no senso diminuído de poder pessoal e controle que uma criança com deficiência pode frequentemente experimentar em virtude das limitações associadas a sua condição, pedir a ajuda dessa criança é muito encorajador e valioso.

14. Ofereça escolhas limitadas – Oferecer escolhas limitadas é uma forma inteligente de compartilhar o poder.
Vamos supor que está na hora de ir para a escola e sua filha ama as sapatilhas cor- de-rosa que ela tem. E todo dia você sofre para fazer com ela use o tênis, que a escola já avisou que seu uso é mandatório.
Em vez de travar uma luta com a sua filha, você pode perguntar: Você quer usar tênis rosa ou o laranja? Você decide!
Seja firme e gentil ao mesmo tempo –

15. Seja firme e gentil – O que significa demonstrar carinho e compreensão pela criança e por seus sentimentos. Quando a criança com deficiência começa a dar sinais de que comportamentos problemáticos virão na sequência, é um momento crítico em que o equilíbrio de gentileza e firmeza é necessário. Estar totalmente presente para a criança nesses momentos, de uma forma suave e calma, pode a ajudar a contornar o confronto, ou pelo menos diminuir a intensidade caso ocorra.

16. Deixe a rotina ser o chefe – Abrir mão de brinquedos ou interromper as atividade favoritas é uma experiência desagradável para muitas criança. Essa experiência pode ser intensificada em crianças com deficiência, porque elas podem não entender o motivo para parar a atividade ou abrir mão do brinquedo. Para ajudar a criança a largar um brinquedo ou uma atividade preferida, use a rotina para ser o chefe. Isso tem o beneficio adicional de tirar os pais ou professores da figura de “autoridade”. Você pode simplesmente lembrar a criança da rotina, mostrando o quadro de rotinas a ela.

Para muitos crianças, é útil ter exposta sua rotina em imagens. Desenhos ou fotografias em sequências mostram informações visuais que são muito úteis para crianças. Para crianças com deficiência que ainda não entendem o significado de imagem ou que tem uma deficiência visual, objetos significativos podem ser sequenciado em uma placa pra representar a rotina. Por exemplo ,um carro pequenino pode representar brincar com carrinhos, uma varinha para fazer bolha de sabão pode representar a atividade de soprar bolhas, e uma peça de quebra-cabeça pode representar brincar com quebra-cabeça . Saber o que antecipar, por meio de representações visuais ou concretas, ajuda as crianças a fazerem transições com mais facilidade.

17. Use os quatro passos para conseguir cooperação – Os quatro passos para conseguir cooperação são os seguintes:

Expressar compreensão dos sentimentos da criança. sem mostrar aprovação.

Mostrar empatia.

Compartilhar seus sentimentos e percepções.

Convidar a criança a pensar em uma solução.

Quando a criança está envolvida em um comportamento baseado em um objetivo equivocado, tal como poder mal direcionado, comece por avisá-la que você entende os sentimentos dela. Mostrar empatia não significa que você concorda com os comportamentos com os quais você está preocupado.

18. Pratique a escuta ativa – A escuta ativa é ouvir de tal maneira que deixa claro que você realmente entende o que a criança está dizendo e o que ela está sentindo. Significa ouvir entre as palavras e seu significado, bem como o que está sendo dito. Reserve um pouco da sua atenção para ouvir as crianças. Sente ao lado delas e diga que quer ficar com eles por alguns minutos, e peça que compartilhem algo legal, algo chato e algo engraçado sobre seu dia.

Poderá surgir um diálogo muito gostoso e você corre o risco de descobrir como é maravilhoso ser amigo dos seus filhos!

19. Conquiste a confiança – Desenvolver a confiança, especialmente em uma criança que pode parecer hostil e zangada, é um processo a longo prazo. Porem, quanto mais você for capaz de reconhecer seus sentimentos e ajudar a criança a lidar com eles, ela desenvolvera mais confiança em você a cada dia.Desenvolver a confiança é um componente importante.

20. Coloque as crianças no mesmo barco – Quando os pais tem um filho atípico e outros filhos típicos, é fácil favorecer a criança que os pais acreditam ser “desfavorecida”. O mesmo acontece com os professores em sala de aula.
É bom lembrar que “todas as crianças com deficiência, sao antes de tudo, crianças, independentemente de suas limitações. E todas as crianças tem o direito de vivenciar um senso de aceitação e importância e de serem tratadas com dignidade e respeito. Você pode encorajar as crianças a desenvolverem características valiosas e habilidades de vida se olhar para elas como verdadeiramente iguais umas às outras, se valorizar cada criança nem mais nem menos do que qualquer outra criança. Embora você tenha essa perspectiva sobre suas crianças, você também poderá reconhecer a singularidade de cada criança e de suas diferentes experiências de vida. A perspectiva de igualdade entre as crianças é especialmente útil para dar suporte quando as crianças brigam umas com as outras. Se as crianças da sua família ou em sua sala de aula brigarem umas com as outras, você poderá tratá-las igualmente ao colocá-las no mesmo barco. Mesmo que uma das crianças tenha deficiência, evite inclinar-se a tomar partido ou julgar quem está errado. Em vez disso, concentre-se no que você espera: harmonia entre as crianças. Para a criança com deficiência, ofereça acomodações, se possível. Ouça todas crianças, que terão, não surpreendentemente, perspectivas diferentes. Demonstre a todas as crianças consideração e empatia. Ofereça às crianças oportunidades de buscar soluções para os conflitos delas.

E, claro, use uma adaptação de comunicação para a criança com deficiência.

Fonte: Nelsen, Jane. Disciplina Positiva para crianças com deficiência. Manole, 2019


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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