O objetivo primário do comportamento é desenvolver um senso de aceitação e importância. Todos nos estamos constantemente tomando decisões relacionadas ao modo como vamos alcançar isso.
Todos estamos constantemente tomando decisões conscientes ou inconscientes, em nosso cotidiano, relacionadas a como alcançaremos esse senso d aceitação. Esse processo começa no dia em que nascemos. É crucial entender que as crianças com deficiência também tomam decisões sobre como encontrar aceitação e importância. Essas decisões podem parecer diferentes. E esse é um ponto importante a se considerar. Quando Alfred Adler sugeriu que todas a crianças sao levados a buscar aceitação e importância de formas socialmente uteis, ele não queria dizer exceto para crianças com autismo, paralisia cerebral, síndrome de down, tdah, ou atrasos no desenvolvimento ou qualquer uma das inúmeras condições que consideramos necessidades especiais.

A Terapia baseada na Disciplina Positiva não é uma cura para nenhuma dessas condições mencionadas. No entanto, uma vez que aceitação e importância são tão vitais para uma vida feliz e satisfatória, precisamos encontrar maneiras de ajudar todas as crianças a alcançá- la. Por isso eu apresento a disciplina positiva não como uma cura, mas como uma lente para que pais e professores possam enxergar as crianças independente do seu diagnóstico.

OBJETIVOS EQUIVOCADOS VERSUS COMPORTAMENTO INOCENTE

Para começar a abordar esse assunto, preciso antes explicar o que sao objetivos equivocados e o que sao os comportamentos inocentes.

Objetivos equivocados são ações e comportamentos equivocados que as crianças tem na tentativa de conseguir atenção ou privilégios dos adultos.
Comportamentos inocentes são ações e comportamentos que as crianças têm por causa de suas limitações .

Durante as duas primeiras semanas de sua adaptação escolar, a criança chora todos os dias porque não quer se separar da sua mãe. Ela se joga no chão, agarra em sua mãe e chora muito. Sua mãe tenta de tudo. Ela faz promessas, diz que vai buscar a criança logo e em outros momentos a mãe perde a cabeça e briga com a criança .

Este é um comportamento típico de qualquer criança. E este comportamento também pode ser considerado um objetivo equivocado da criança para ganhar a atenção da mãe. No entanto, a criança desse contexto tem autismo. Isso muda alguma coisa para você?

Muitos pais justificam o comportamento da criança com deficiência alegando que ela age assim justamente por causa de suas limitações . No entanto, muitos comportamentos das crianças são na verdade intencionais. Elas se comportam assim pois já entenderam que dessa forma elas conseguem o que ela quer. Então como identificar um objetivo equivocado de um comportamento inocente?

CRENÇAS EQUIVOCADAS SOBRE ACEITAÇÃO E IMPORTÂNCIA.

Muitas vezes e sem ter consciência disso, as crianças estão tomando decisões sobre si mesmas, sobre seu mundo e o que elas devem fazer para prosperar ou sobreviver neles. Quando as crianças recebem atenção, afeto e carinho, elas sentem que sao amadas. Mas quando as crianças sentem que o seu ambiente é hostil, elas começam a formar algumas crenças sobre elas.

O que seria um ambiente hostil? Um ambiente onde a criança é o tempo todo apontada, criticada, castigada ou recompensada. Os pais não percebem, mas o modo como disciplinam seus filhos tem um grande impacto na formação deles para a vida adulta. E todos esses métodos de disciplina jogam a criança para um mundo onde ela duvida dela mesma, de suas percepções e suas qualidades.

E quando a criança se sente assim, ela passa a agir com base em suas crenças equivocadas, envolvendo-se em comportamentos que não sao socialmente uteis ou aceitáveis, e é provável que ela desperte sentimentos negativos nos pais e professores e possam ainda provocar respostas indesejadas.

Como podemos ver no quadro a seguir, há quatro comportamentos inadequados associados as crenças equivocadas da criança. Ambas as crenças e objetivos relacionados sao considerados equivocados porque eles as levam a realizar tentativas falhas de conseguir aceitação e importância.

Atenção Indevida – onde o objetivo da criança é manter os outros ocupados ou conseguir alguma vantagem especia.
Poder mal- direcionado – quando a criança quer estar no comando.
Vingança – quando a criança se sente magoada e comunica sua mágoa, magoando o adulto de volta.
Inadequação Assumida – ela já não acredita mais que é capaz e evita a qualquer custo aprender coisas novas.

E como podemos separar um comportamento inocente de um comportamento de objetivo equivocado?

Para entender a crença escondida por trás do desafio do comportamento das crianças com deficiência, uma das mais importantes perguntas que precisamos nos fazer não é “Esse comportamento é socialmente útil?”. A grande probabilidade é que não seja. Mas em vez disso se perguntar: “Esse comportamento está de acordo com suas limitações?”

Se pais e professores nao entenderem os comportamentos atípicos das criancas com deficieia, comportamentos inocentes que estão associados as suas condições (como comportamentos repetitivos em criancas com autismo, tiques em criancas com síndrome de tourette, tempo de resposta mais lento em criancas com atrasos cognitivos, entre outros), eles podem responder as criancas como se esses comportamentos fossem comportamentos desafiadores.

Para facilitar, um resumo dos passos para entender melhor os comportamentos da criança atípica:

  1. Listar os comportamentos que trazem preocupação.
  2. Investigar com base nos sentimentos e reações do adulto (usando o quadro de objetivos equivocados) quais crenças ou objetivos equivocados estão associados a cada um dos comportamentos.
  3. Quando for constatado um comportamento inocente que está associado com a deficiência da criança , oferecer tratamento e orientações e terapias adequadas.

Apesar da Disciplina Positiva ainda não ser considerada uma terapia, suas ferramentas também pode ser usada nessas situações.

Fonte: Nelsen, Jane. Disciplina Positiva para crianças com deficiência. Manole, 2019


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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