Ansiedade na volta as aulas

Como ajudar as crianças a lidar com as preocupações na volta as aulas pós-covid19?

Agora é real: as aulas irão retornar 100% na maioria dos estados do Brasil. E isso pode ser emocionante para a maioria das crianças e para os pais. Mas também provoca um pico de ansiedade: mesmo crianças que geralmente são muito tranquilas ficam borboletas, e crianças propensas à ansiedade ficam mais pegajosas e mais nervosas do que o normal. Os pais também sentem a dor: ver seu filho ansioso e preocupado não é diversão para ninguém. E ter de convencer um aluno em pânico a sair do carro na escola pode ser um verdadeiro teste para suas habilidades diplomáticas.

Crianças que normalmente têm um pouco de dificuldade para se separar da mãe e do pai verão seu pico de ansiedade durante os momentos de estresse ou transição. O início da escola pode ser especialmente desafiador para as crianças que estão entrando em um ano de transição, indo para o jardim de infância, para o ensino médio, para uma nova escola. 

Para a maioria das crianças, as preocupações com o tempo desaparecerão e os comportamentos ansiosos serão transitórios. Mas para algumas, pode ser um pouco mais complicado. O objetivo deste artigo é ajudar os pais a apoiar seus filhos, sem exacerbar as preocupações suas preocupações. Aqui estão algumas dicas para ajudar crianças nervosas a terem uma transição bem-sucedida de volta à escola.

Reconheça seus próprios sentimentos

Para os pais, a volta as aulas também pode causar ansiedade. Afinal, a  pressão está sobre você para reestabelecer as rotinas após quase dois anos sem aulas presenciais e reorganizar o calendário: há pais que levam e buscam seus filhos, outros que retornarão aos escritórios e precisarão encontrar alguém que faça esse papel. Enfim, a verdade é que temos menos de 1 semana para reorganizar nossa vida e isso pode causar um certo pânico. Lembre-se: tudo bem se sentir assim, isso é um sinal de que você também é humano. Reconhecer seus sentimentos lhe ajudará a encontrar racionalidade para eles.

Ouça as preocupações de seus filhos

Quando as crianças expressam ansiedade em voltar à escola, escute com atenção. Em vez de descartar esses medos dizendo: “Nada para se preocupar! Você vai ficar bem!” ouça-os e reconheça os sentimentos de seu filho. Isso o ajudará a se sentir mais seguro. E, se ele quiser, você pode aumentar sua confiança ajudando-o a traçar estratégias sobre como lidar com as coisas que o preocupam.

Mas lembre-se de que muitas vezes as crianças querem ser capazes de falar sobre algo com que estão chateadas, sem esperar que você os conserte. Seu trabalho é validar os sentimentos delas e demonstrar confiança de que elas podem lidar com a situação.

Peça ajuda dos docentes

Se seu filho precisar de apoio extra para fazer uma transição bem-sucedida, informe o coordenador responsável. Comunique a ansiedade da criança na volta as aulas, e a sua também. Certifique-se o quanto a escola valoriza as habilidades socioemocionais e que se há um programa de apoio emocional na volta as aulas. 

Faça uma adaptação por etapas

Se você acredita que seu filho ficará ansioso com a volta, opte pelo ensino híbrido. Algumas escolas ainda vão trabalhar com escalas de alunos. Verifique como a escola do seu filho irá trabalhar o retorno as aulas. Converse com os pais dos amigos da escola de seus filhos e verifique se há chances de marcarem um encontro ainda antes das aulas. Para a criança, é importante saber que tem um amigo na escola. Caso a criança esteja indo para uma escola nova e vocês ainda não conheçam ninguém, ofereça algumas ferramentas de solução de problemas para que seu filho não se sinta sozinho. 

Durante uma conversa você pode perguntar: “O que você pode fazer durante os intervalos enquanto não se enturmar?”. Deixe que a criança pense no que ela pode fazer. Caso ela não consiga pensar em nada, ofereça algumas opções como baixar alguns episódios de seus animes ou séries favoritos, ler um livro, ir até a biblioteca da escola…

Relembre que ter amigos é gostoso e faz bem

As crianças passaram quase dois anos isoladas. Algumas em pânico. O distanciamento fez com que elas perdessem muitas amizades. Nós adultos também perdemos. Nos acostumamos a ficar sozinhos, a viver apenas com nosso grupo familiar. A ser quem somos sem firulices sociais, e isso pode ser um pouco difícil de retomar. Relembre seu filho do que ele fazia com seus amigos, do que costumavam brincar e que fazer novos amigos é sinal de que a vida está retornando ao normal. 

Busque ajuda profissional 

Se você perceber que mesmo que você converse com seu filho, ele ainda demontra nervosismo e resistência e sente em seu coração um sinal de alerta, preste atenção. Pode ser que seu filho precise da ajuda de um Psicopedagogo. O profissional da psicopedagogia é o mais qualificado na hora de ajudar a criança a encontrar equilíbrio emocional e confiança para ir a escola. 

Confira alguns sinais que demonstram que seu filho precisa de ajuda profissional: 

Dores de estômago e de cabeça

A ansiedade em relação à escola às vezes assume a forma de dores de cabeça e de estômago pela manhã que as crianças dizem que os deixam muito doentes para ir à escola. Se seu filho desenvolver um padrão desses sintomas, é importante que seu filho seja examinado por um pediatra; você não quer ignorar um problema médico. Feito as investigações clínicas necessárias e se os resultados dos exames for negativo,e o padrão de dor persisitir, é sinal de que você precisa da ajuda do psicopedagogo. 

A coisa mais importante que um pai pode fazer quando os filhos resistem em ir é continuar a mandá-los para a escola mesmo assim. Isso pode ser difícil, mas se permitirmos que as crianças evitem situações que as deixem ansiosas, podemos inadvertidamente reforçar que essas situações são realmente perigosas ou assustadoras.

Mas se uma criança continua reclamando de sintomas físicos, também é importante investigar o que pode estar causando ansiedade. Pode ser sinal de um transtorno de ansiedade ou outro problema na escola, como transtornos sociais, neurobiológicos ou sociais. Por exemplo:

  • Uma criança com TOC pode evitar ir à escola porque é difícil para ela controlar sua ansiedade.
  • Uma criança que sofreu bullying pode ter medo de ir para a escola porque seus violentadores estão lá. 
  • Uma criança com ansiedade de separação pode ter medo de que algo terrível aconteça com a mãe se eles estiverem separados
  • Uma criança com transtorno de aprendizagem não diagnosticado pode estar evitando vergonha e constrangimento.

Recusa escolar

Quando as dores de estômago e de cabeça e outros motivos para não ir à escola – ou para chegar tarde ou sair mais cedo – tornam-se persistentes, a criança pode ter desenvolvido o que é chamado de recusa escolar .

“Todo mundo resiste a ir à escola de vez em quando, mas a recusa à escola é um padrão extremo de evitação da escola que causa problemas reais para a criança”, diz o Dr. Busman. A recusa escolar é distinta da evitação normal por uma série de fatores:

  • Há quanto tempo uma criança evita a escola
  • Quanta angústia ela associa a frequentar a escola
  • Quão fortemente ela resiste
  • O quanto a resistência dela está interferindo em sua vida (e na de sua família)

Se a resistência de uma criança à escola for avassaladora e prolongada, ela deve ser avaliada por um profissional. Como o problema está ligado a escola, o primeiro profissional recomendado que se procure é o psicopedagogo, e aí ele irá avaliar a necessidade de outros profissionais, como psicólogos, fonoaudiólogos e neuropediatras. É importante que os pais sejam proativos diante dessas situações, em vez de esperar meses até que ela passe. “Infelizmente, quanto mais uma criança falta à escola, mais difícil é voltar à rotina”, observa o Dr. Busman, “porque a ausência reforça a ansiedade que a está afastando”.

Além das intervenções psicopedagógicas, os pais também podem pedir ajuda a um Educador Parental, onde receberá orientações sobre como podem proceder diante dessa ansiedade gerada pela escola. 

Buscar ajuda é sempre a melhor opção!


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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