Um estudo feito por psicólogos na Universidade Elmory (Atlanta), mostra que as crianças (mesmo antes de conseguirem falar) moldam o seu comportamento para agradar a quem as esteja a observar. Os pesquisadores descobriram que as crianças exibiam um comportamento mais controlado quando sabiam que estavam sendo observadas.

Como pais, queremos isso até certo ponto – os filhos devem se preocupar com o que os outros pensam e sentem a respeito deles, a fim de desenvolver relacionamentos. Mas o que acontece quando nossos filhos se importam muito com o que os outros pensam? O que acontece quando eles perdem o contato com sua autoestima intrínseca?

A necessidade de nos sentirmos aceitos nos torna humanos. No entanto, há um poder incrível em ajudar as crianças a valorizar suas opiniões sobre si mesmas acima das dos outros. 

Aqui estão três maneiras simples de começar:

1.Incentive a autorreflexão

Para que as crianças valorizem (ou até mesmo conheçam) suas opiniões, a autoconsciência é fundamental. Proporcionar tempo para que considerem e reflitam sobre seus pensamentos, valores e crenças é a chave para esse processo.

Um método simples para encorajar a autorreflexão é perguntar às crianças o que elas pensam. Da próxima vez que seu filho pedir sua opinião ou compartilhar a opinião de outra pessoa, responda com curiosidade e abertura. Pergunte: “Em que VOCÊ acredita?” ou “O que VOCÊ faria?” em vez de fornecer feedback imediatamente.

Você também pode:

  • Integrar a autorreflexão em rituais diários, como reuniões de família ou em sua rotina matinal e noturna .
  • Use iniciadores de conversa (“Eu sou como ninguém porque…” / “Algo que você não sabe sobre mim é…” / “Se eu tivesse um desejo…”) e se revezando selecionando um de uma jarra a cada dia.
  • Reformule as opiniões de seu filho usando termos como “parece” para verificar a precisão (“ Parece que você prefere usar o vestido roxo, embora também tenha gostado das calças. Correto ?”).

2. Amplie seus horizontes 

No Brasil, as crianças e adolescentes passam em média sete horas online! Não é de admirar que, para muitos, o universo pareça começar e terminar na internet.

Freqüentemente, o que parece uma questão menor para os pais – um comentário ruim, desprezo ou até mesmo falta de curtidas em suas publicações, pode ser devastador para eles. Quando as crianças se sentem excluídas ou julgadas, como podemos mostrar que há um grande mundo fora da internet em plena pandemia?

  • Comece com visitas a parques ou praças próximas do seu bairro. 
  • Incentive atividades extracurriculares que podem ser feitas online mas que engajam as crianças, como o teatro. 
  • Envolva as crianças com artes – pintura, desenho, música – para melhorar a auto-estima (um estudo recente descobriu uma associação significativa entre auto-estima e envolvimento com as artes, independentemente da capacidade da criança). 

3. Mantenha a perspectiva

Quase diariamente, recebo crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem, mas que, na verdade a raiz do problema é um pouco mais profunda e vem de interações sociais mal realizadas. 

Uma ferramenta útil que eu gentilmente (e frequentemente) aplico com a criança é o Círculo do Controle para descrever o que PODEMOS controlar – nosso comportamento, atitude e respostas aos outros versus o que NÃO PODEMOS controlar – o que os outros pensam ou sentem a nosso respeito.

  • Peça às crianças que identifiquem o “pior cenário” de serem julgados. Pergunte: “Qual é a pior coisa que pode acontecer se alguém pensar isso?” 
  • Da mesma forma, pergunte o pior cenário de viver uma vida definida por outros: “Qual é a pior coisa que pode acontecer se você não fizer o que o deixa feliz porque está preocupado com o que os outros vão dizer e pensar?”

Mesmo com essas estratégias, às vezes as crianças ainda têm grandes sentimentos sobre como os outros as percebem. Quando isso acontecer, certifique-se de que eles conheçam algumas habilidades de enfrentamento para lidar com suas emoções (conversar com um terapeuta escolhido, respirar fundo ou fazer afirmações positivas pode ajudar). 

Finalmente, lembre-se de que é normal (e até saudável) que as crianças se importem com o que os outros pensam delas – todo mundo se preocupa. Mas com esforço, elas podem começar a prática poderosa de valorizar mais seus pensamentos e opiniões sobre si mesmos.


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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