A raiva é um sentimento que segue a crença de que você não pode conseguir o que quer, ou que você é impotente em uma situação. A raiva é uma emoção natural, no entanto é vista com negatividade pelas pessoas. Quando as crianças sentem raiva, os pais ficam assustados e tentam “consertar” o que a criança está sentindo e na maioria das vezes acabam falhando e se perguntam: por que meu filho tem constantes crises de raiva? 

AS CRIANÇAS ESTÃO CADA VEZ MAIS NERVOSAS 

Nas últimas décadas, o número de homicídios entre adolescentes quadruplicou, o número de suicídios triplicou, e de estupros dobrou. Uma pesquisa feita com mais de duas mil crianças americanas, primeiro na década de 70 e depois na década de 80, mostrou que as habilidades socioemocionais das crianças vem decaindo a longo prazo. Em geral, as crianças estão cada vez mais nervosas e irritadiças , mal humoradas, mais deprimidas, mais impulsivas, desobedientes e sentindo-se mais solitárias. E existem algumas razões para isso:

AS FAMÍLIAS PASSAM CADA VEZ MENOS TEMPO DE QUALIDADE JUNTAS 

A nova realidade econômica contribui para essa falta de habilidades, porque os pais precisam trabalhar mais do que as gerações passadas para sustentar a família, o que significa que passam cada vez menos tempo de qualidade com seus filhos. E até mesmo as famílias, cujo um dos pais fica em casa, percebem a falta de tempo para ficar com as crianças. A verdade é que a nossa vida se tornou corrida e o nosso tempo mais escasso. Vivemos uma era de muitas informações e precisamos estabelecer dentro do nosso planejamento as nossas prioridades.  A falta de tempo pode estar sendo apenas uma desculpa para aquilo que você deseja fugir. Muitas vezes sentimos que ficamos muito tempo com a criança: quando nos dedicamos aos cuidados e necessidades da criança e é natural querermos estar sozinhos. Se isso até hoje não foi um problema para você, tudo bem. Mas se você tem sentido uma pontinha de culpa significa que seu alerta já se acendeu. Preste atenção aos sinais e se planeje para dedicar tempo de qualidade com a criança. Muitas vezes o mau comportamento é uma forma inconsciente de busca por atenção e tende a diminuir quando a criança tem essa necessidade suprida. 

Os PAIS NÃO ENCONTRAM REDE DE APOIO 

Cada vez mais as famílias vivem longe de seus parentes, o que diminui sua rede de apoio e acaba que os pais ficam com uma carga muito grande, e infelizmente a carga maior ainda tem ficado com as mulheres que muitas vezes precisam se dividir entre trabalho, maternidade e cuidados com a casa.

A consequência dessa falta de apoio recai sobre a criança. Afinal só podemos dar o que temos. Pais sobrecarregados tendem a sobrecarregar os filhos. E essa sobrecarga pode aparecer na forma de atividades extracurriculares em excesso, supercompensar sua falta com presentes caros, permitir maior tempo de uso de telas, etc. E o resultado disso são crianças superestimuladas, solitárias e é claro, com mais raiva. 

AS CRIANÇAS BRINCAM MENOS 

E o impacto dessa falta de interação social recai sobre o desenvolvimento de habilidades sociais para lidar com seus sentimentos, como a raiva por exemplo. A raiva é um sentimento que segue a crença de que você não pode conseguir o que quer, ou que você é impotente em uma situação. A raiva também serve para encobrir sentimentos magoados porque é mais fácil sentir raiva do que sentir a rejeição. 

Como você pode ajudar a criança a lidar com a raiva? 

Valide os sentimentos da criança e a ajude a entender o que ela está sentindo  

Diga por exemplo que não há problema em sentir raiva e ensine a criança a expressar o sentimento em palavras em vez de ações.Às vezes a criança não sabe exatamente o que está sentindo. A ouça com atenção e empatia e a ajude a compreender o que está sentindo dizendo: “Você está com raiva porquesua irmã comeu o último brigadeiro. Tudo bem sentir raiva, mas não está tudo bem bater nela por causa disso. Você gostaria de me ajudar a preparar docinhos?”

Não escolha lado quando um de seus filhos brigarem porque esse é um dos principais gatilhos para a raiva das crianças. Em vez disso coloque todos no mesmo barco. O foco em solução deve

ser em ajudar todos a se acalmarem. Se o seu filho está magoando os outros com comportamentos agressivos, deixe-o saber que você sabe que ele está se sentindo magoado e aborrecido com alguma coisa. Retirar a criança desse ambiente ou um abraço pode ajudar nesse momento.

Ensine as crianças a pedir o que elas querem; escute suas opiniões e mostre às crianças como elas podem satisfazer suas necessidades sem colocar outra pessoa para baixo.

Cuidado para não estabelecer padrões diferentes para meninos e meninas. Às vezes os meninos são desculpados por seus comportamentos rudes e as meninas são desencorajadas a falar e expressar suas necessidades. É importante que meninos e meninas saibam que seus sentimentos são saudáveis e que o comportamento é diferente de sentimentos. 

E lembre-se que todos os sentimentos são válidos, os comportamentos é que não são.Sentir raiva é importante e é papel dos pais ensinar a criança a direcionar a raiva.

Quando bem direcionadas, as crianças aprendem que o que elas sentem é diferente do que elas fazem e que não há problemas em se sentir zangada, mas não é certo magoar os outros ou agir desrespeitosamente. Elas também aprendem que é possível ter controle sobre si mesmas e sobre o que sentem.


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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