É inegável o fato dos inúmeros benefícios que as tecnologias trazem para a humanidade: velocidade de informação, diversão, praticidade, mobilidade, motivação, aprendizagem, tratamentos (telemedicina), novas práticas de trabalho (homeoffice), etc., Por exemplo, se tívessemos que enfrentar uma pandemia há 15 anos, muitas crianças perderiam o ano escolar, mas graças a internet e a tecnologia, foi possível que a maioria continuasse tendo acesso aos conteúdos escolares. 

Apesar desse viés positivo do uso tecnologia, nos útlimos anos tem aumentado o número de crianças e adolescentes que se isolam socialmente por causa da internet.  Um outro estudo realizado por Mazaheri e Karbasi (2014) comentam que o uso excessivo dos celulares podem causar danos cerebrais, modificação na genética humana, dores pelo corpo e problemas na visão. Além disso também podemos desenvolver comportamentos compulsivos por conta dos alertas constantes que recebemos pelo aparelho (mensagens de whatsapp, emails, curtidas no instagram, etc.). Uma outra consquência negativa é o distúrbio do sono. Pessoas que relatam não conseguirem dormir dizem que o recurso utilizado para pegar de volta no sono é mexer no celular. Poucos sabem que o celular é hiperestimulante do cérebro, aumentando mais os níveis de insônia na pessoa.  Já em relação aos jogos superviciantes, jovens relatam que os utilizam para diversão e também para escapar de situações em que precisam socializar quando não querem.  E o resultado é que ao socializar cada vez menos, mais problemas psicológicos essas pessoas atraem para si, como: timidez, dificuldades de iniciar uma conversa, fazer amizade… Até que qualquer situação que os levem a socializar lhes causem grandes desconfortos, como a síndrome do pânico, por exemplo. 

A dependência tecnológica pode ser caracterizada de forma sucinta com níveis baixos de dependência ou por uma grande inabilidade do sujeito em controlar seus comportamentos diante o uso dos eletrônicos, perdendo o controle quando perde em um jogo, por exemplo, ou tendo dificuldades de se desligar para fazer tarefas importantes que vão desde a lição de casa a cuidados de higiene pessoal e alimentação. E essa dependência acaba por dominar por completo o sujeito, afetando sua capacidade de pensar, sentir e agir, provocando diversos danos a si e ao ambiente. 

Causas das dependências tecnológicas

Pesquisadores dizem que as causas vão desde disfuncionalidade familiar: pais viciados em eletrônicos, vulnerabilidade cognitiva da criança, aprendizagem de estratégias inadequadas para lidar com as frustrações (crianças que a todo momento de frustração são distraídas pelos celulares), fatores biológicos (incluindo mudanças no funcionamento cerebral) e as motivações diárias para o uso da tecnologia (aulas online, possibilidade de assistir seus personagens favoritos, bates-papos, jogos, etc. )

A dependência do uso de eletrônicos; uma epidemia mundial?

Dados científicos de 2014, mostram que 3% da população mundial está viciada em jogos, com um grande predomínio para o sexo masculino. Já no que tange a dependência da internet, o resultado é de 6% entre homens e mulheres. Em 2019 um outro estudo realizado com a população brasileira mostrou que o Brasil é segundo país mais viciado em internet, calculando que o brasileiro gasta em média 39% do seu ano vivendo nas redes sociais.  E um estudo mais recente, realizado por médicos do Hospital JK Lone, em Jaipur, na Índia em 2020, aponta que 65% das crianças do mundo estão viciadas em telas. 

Esses dados são alarmantes em dois aspectos: o primeiro mostra o quanto os adultos estão viciados e como consequência, estão viciando seus filhos também. 

Comorbidades que a dependência em eletrônicos pode trazer

A dependência tecnológica traz comorbidades importantes, o que pode resultar em dificuldades que as crianças levarão por toda a vida, tais como: 

  • transtorno depressivo
  • transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
  • transtorno de ansiedade generalizada

É importante que pais e terapeutas tenham consciência disso ao avaliar e diagnosticar uma criança. Muitos transtornos estão sendo diagnosticados equivocadamente, pois crianças, adolescentes e adultos viciados em eletrônicos podem facilmente apresentar características similares ao autismo, por exemplo. 

Outra informação importante e que precisamos estar atentos é que a dependência tecnológica pode potencializar os danos de outro transtorno (comprometimento da autoestima para pacientes deprimidos, maior isolamento de ansiedade social (hikikomori), maior prejuízo no desempenho acadêmico e no trabalho e até obter um diagnóstico de TDAH  e ser medicado sem uma necessidade real. 

Sintomas

  • Distúrbios do sono (ficam até tarde acordados e depois tem dificuldade para levantar no horário certo)
  • Queda no desempenho acadêmico
  • Queda no rendimento de tarefas essenciais 
  • Perda de interesse social
  • Perda de interesse na higiene pessoal
  • Alimentação inadequada (esquecendo de se alimentar ou comendo em excesso)
  • Irritabilidade
  • Desistência da vida social (nesse ponto já não se preocupa mais com as consequências de faltar a escola ou perder o emprego). Nada mais importa. 

Alteração da estrutura cerebral

Uma revisão da literatura conduzida por Lemos, Diniz e Sougey (2014) demonstrou que usuários viciados em  jogos pela internet, submetidos a exames de neuroimagem (ressonância magnética funcional, ressonância magnética estrutural, eletroencefalograma e tomografia por emissão de pósitrons), demonstraram alterações funcionais e estruturais cerebrais e  apontaram convergências quanto às reciprocidades cerebrais. Essas alterações neurais são consideradas semelhantes às observadas em pacientes dependentes de substância química.

Tratamento

Quando o sujeito chega em um ponto de extremo isolamento, apresentando principalmente a desistência social, esse deve ser assistido por psiquiatras para obter a medicação quando necessário e por psicoterapeutas, sendo a terapia mais adequada, aquela em que o sujeito se identifica. 

No âmbito psicopedagógico — recomendado quando o isolamento social está interferindo na aprendizagem cognitiva — é recomendado uma avaliação psicopedagógica para identificar em quais campos da aprendizagem o sujeito está sendo prejudicado e também pode ser assistido por um programa de conscientização, equilíbrio e reinserção escolar. Esse trabalho, realizado em consultório de forma presencial ou de forma online foi desenvolvido com base em grandes relatos da literatura científica e testado clinicamente. 

Como funciona o programa?

São 16 semanas, sendo 12 semanas trabalhadas com a criança ou adolescente e 4 semanas de orientação parental e que vão trabalhar os seguintes aspectos: 

Parte 1 (12 semanas)

  • atuação direta e efetiva nos pensamentos disfuncionais.
  • atuação direta nas emoções em desequilíbrio.
  • atuação direta nos comportamentos inadequados. 
  • atuação direta para identificar as situações de vulnerabilidade do sujeito. 
  • estratégias psicoterapêuticas e pedagógicas
  • identficação das conquistas do sujeito atuando no encorajamento da reeducação social.

Parte 2 (4 semanas)

Orientação aos pais para obter uma comunicação assertiva com seus filhos aprendendo ferramentas para: 

  • orientar a criança quanto ao uso dos eletrônicos e impor limites
  • aprender ferramentas eficazes de educação parental
  • sessão com os pais e os filhos para estabelecerem um contrato de acordos e combinados. 

Quer saber mais sobre a terapia? Clique na imagem e conheça o programa completo. 


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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