É fácil, como pais, nos perdermos na hora de nos comunicarmos com nossos filhos.

Por isso, eu gostaria de compartilhar algumas coisas que tenho aprendido com a comunicação não violenta.

Em primeiro lugar quero chamar a atenção de vocês sobre o perigo de rotular as pessoas, principalmente as crianças. Simplesmente porque quando rotulamos alguém, nós deixamos que o rótulo defina a pessoa e até a maneira como ela é tratada.

Em um estudo realizado por neurocientistas, foi preciso uma atriz para encenar que estava passando mal no meio da rua. A atriz, no caso, era uma mulher por volta de 40 anos e bem vestida, que estava deitada na calçada. Quando as pessoas que passavam por ali avistavam a mulher, imediatamente ofereciam ajuda.

Utilizando a mesma encenação e a mesma atriz, dessa vez vestida como moradora de rua, quando as pessoas que passavam por ali avistavam a mulher, simplesmente a ignoravam.

Quando perguntados porquê não ajudavam essa mulher, eles diziam que ela estava provavelmente bêbada ou drogada. Por isso eles não ofereciam ajuda.

O que acontece, na verdade, é que os rótulos impedem a nossa mente de exercer empatia e agir com consciência.

Em um workshop para pais que realizei recentemente, eu usei uma dinâmica de grupo que aprendi no livro “Criar Filhos Compassivamente”, de Marshall B. Rosenberg, onde separei os pais em dois grupos e pedi que usassem frases que representassem a seguinte situação:

Imagine que você está limpando a cozinha após a janta, e quando tudo está limpo, alguém derruba um copo de suco no chão, espalhando cacos de vidro por todos os lados.

Para o primeiro grupo, eu disse que a pessoa era o seu próprio filho, e para o segundo, que era um amigo convidado para o jantar.

Mas um grupo não sabia quem era a pessoa do outro.

Veja as respostas que o primeiro grupo deu, onde a pessoa que quebrara o copo era um de seus filhos:

 “Cuidado!”

 “Da próxima vez seja cuidadoso.”

 “Quebrou o copo de novo?”

 “Vou ter que comprar copos de plástico para o bebezinho.”

“ Eu acabei de limpar a cozinha! ”

“ Nossa, que desastrado! ”

“ Tinha que ser você! ”

“ Não sabe nem segurar um copo direito! ”

“ Pronto, agora mais uma coisa para eu limpar! ”

“ Como se não bastasse não ajudar, ainda atrapalha! ”

Veja as respostas do segundo grupo, cuja pessoa que quebrara um copo era um amigo convidado para o jantar:

“Não se preocupe, é apenas um copo.”

“Deixe-me te ajudar a recolher.”

 “Essas coisas acontecem.”

“Relaxa e vamos voltar a nos divertir.”

“Não fique chateado por causa de um copo.”

“Bom, agora você me deve um jogo completo! (risos)”

“Isso acontece com as melhores pessoas.”

“Ainda bem que somos amigos!”

“Deixe que eu limpo, não se preocupe.”

“Imagina, deixa que eu limpo!”

Ao compararmos as respostas, todos observaram que as dadas pelo primeiro grupo eram desrespeitosas e grosseiras. Por que isso acontece?

Fomos desde cedo ensinados que a obrigação dos pais é fazer com que seus filhos se comportem bem. O problema é que não temos o poder de fazer as pessoas agirem como queremos, nem mesmo os nossos filhos.

Por isso, essa sensação de impotência que os pais percebem diante dessa situação, faz com que percam a cabeça e acabem tentando exercer algum tipo de controle sobre a criança, com gritos, palavras ásperas, castigos ou até mesmo recompensas.

Uma forma de evitar cair nessa cilada é se perguntar:
“Eu falaria assim com um adulto?”. Se a resposta for não, é sinal que também não é correto falar assim com uma criança.

Abraços Positivos.


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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