As ferramentas da disciplina positiva servem para te dar uma direção, te mostrar alternativas aos castigos, mas o conceito da disciplina positiva é muito mais do que ferramentas. Disciplina Positiva é uma filosofia baseada no respeito e no encorajamento. Aliás, todas as ferramentas da disciplina positiva, são ferramentas de encorajamento. Quando colocamos todas elas juntas, temos uma excelente caixa de ferramentas para ajudar as crianças a a desenvolver as características que irão servi-las bem ao longo da vida.  Não existe uma ferramenta que funcione para todas as crianças e situações, de modo que é vantajoso ter varias opções. Por isso nesse artigo, eu trago sete ferramentas muito úteis que irão te ajudar a decidir o que fazer em momentos de grande tensão.

A técnica do banheiro

O valor de dar um tempo positivo para se acalmar foi mencionado algumas vezes. Quero explicar novamente o propósito dessa ferramenta que é para que possamos acessar nosso cérebro racional em vez de tentar resolver um conflito enquanto esta acessando seu cérebro reptiliano, de modo que algumas formas de afastamento são uteis. E como o foco agora é em você, em vez de pensar em maneiras de como a criança pode se acalmar, tente pensar em forma de como você pode se acalmar.

Uma das técnicas milenares  e mais tradicionais utilizadas por mães de todo o mundo, é a técnicas do banheiro. Por isso, se suas crianças tem idade para permanecer por um período sozinhas, sem que isso ofereça riscos para ela, uma trancadinha no banheiro e mexer no celular ou ler um livro pode te ajudar a esfriar a cabeça!

Antes de se retirar, comunique a crianca que você precisa se acalmar e que irá se retirar por alguns instantes. 

Dando um tempo positivo

Muito parecida com a técnica do banheiro, o objetivo é o mesmo. Respirar fundo e esperar até que você possa acessar o seu cérebro racional. Mas muito mais importante do que fazer isso somente nos momentos conflitantes, é importante que você, na medida do possível, possa dar um tempo positivo diariamente. Seja praticando um esporte, hobby ou meditação. Essa pausa no nosso dia é muito importante.

Decida o que você vai fazer, não o que você você vai obrigar as crianças a fazerem

Aqui entra as consequências naturais e lógicas.

Em vez de você ficar mandando, perdendo o controle e brigando com a criança, decida antes o que você fará em determinadas situações e comunique a criança com antecedência.

Alguns exemplos do que você pode fazer:

  • Deixe que as crianças saibam com antecedência o que você vai fazer. Se possível consiga a concordância delas sobre o que vai ser feito em determinadas circunstâncias.
  • Use ações gentis e firmes, e não palavras. Quando as crianças testam seu novo plano, quanto menos palavras você usar, melhor. Mantenha sua boca fechada e aja! Muitas vezes essa é a melhor solução.
  • As poucas palavras que você usar devem ser gentis e firmes. Por exemplo: a criança deixou bagunça no sofá. Se você já combinou com ela o que fará em caso de bagunças pela casa, apenas diga: bagunça, sofá.
  • Ignore a tentação de se envolver em uma disputa por poder ou ciclo de vingança.

Alguns exemplos que você pode decidir:

  • Não tente fazer com  que as crianças coloquem as roupas sujas no cesto. Em vez disso decida e comunique as crianças que você só lavará as roupas que estiverem no cesto e deixe com que elas arquem com as consequências lógicas de suas escolhas: quando elas quiserem usar uma roupa que não foi lavada porque não estava no cesto.
  • Não fique resmungando para as crianças limparem a cozinha. Em vez disso decida que só cozinhara quando a cozinha estiver limpa. 
  • Não distorça esse método para uma disputa por poder ou um ciclo de vingança. Alguns pais não entendem esse conceito e tentam usá-lo para intimidar ou culpar as crianças no sentido de obrigá-las a fazer o que eles querem ou pra se “vingar”delas por não fazerem o que deveriam. A ideia é ficar despreocupado com o que as crianças fazem nessas situações. Em outras palavras, não se preocupe se a criança decidir escolher roupas sujas em vez de ter a responsabilidade de colocá-las no cesto, ou comer sanduíches em vez de limpar a cozinha para que você possa cozinhar. Aproveite as férias da cozinha. 

Distanciamento Emocional

Mais uma forma de esfriar a cabeça antes de agir.

O propósito do distanciamento emocional é se retirar a situação até que o conflito emocional tenha acabado, em vez de entrar em lutas de poder ou ciclos de vingança. Assim você pode resolver os problemas de maneira racional. A técnica do banheiro ou a de dar um tempo positivo são sugeridas porque a maioria dos adultos e crianças têm dificuldade para se acalmar até que saiam da zona de conflito. 

Distanciamento emocional não significa retirar o amor da criança. Significa retirar-se de uma situação de conflito.

Todos os métodos de distanciamento devem ser seguidos por encorajamento, treinamento, redirecionamento ou atividades de resolução de problemas, depois do período para se acalmar.

Todos no mesmo barco (para brigas entre irmãos )

A melhor maneira de evitar que seus filhos briguem, é parando de se envolver na briga deles. Os pais tem dificuldades em acreditar, mas a principal razão para os filhos brigarem é ter os pais envolvidos. Os irmãos querem provar uns para os outros o quanto são amados pelos pais e brigam para que os pais provem esse amor a eles, tomando partido de um dos dois. Pais que ficam de fora das discussões experimentam uma drástica redução nas brigas.

A maioria dos pais também reconhece que o padrão típico das brigas entre irmãos se baseia na ordem de nascimento. O filho mais velho geralmente provoca e o mais novo leva a melhor ao envolver a mãe.

Por isso nessas situações você não deve tomar partido, coloque os dois no mesmo barco. A consequência deve ser para os dois.

Em caso em que os irmãos estão se batendo, a solução ideal é separar as crianças de ambientes e esperar até que se acalmem para contar o que aconteceu e se desculpar um com o outro. E em caso de um machucar o outro, você pode mostrar o arranhão por exemplo e dizer: você machucou sua irmã , o que você vai fazer agora? Qual maneira de consertar isso? A solução da criança pode ser colocar um curativo, pedir desculpas ou simplesmente dizer que não sabe, mas com essas atitudes você vai perceber que quanto mais você envolve a criança na solução do problema, mais ela coopera.

Existem algumas circunstâncias em que ficar fora das brigas é desaconselhável, eu vou listar algumas:

  • Quando as crianças são muito novas.
  • Crianças muito mais velha com uma criança menor.
  • No caso dos professores, que são responsáveis pela segurança dos alunos. Esses, não podem ficar fora das brigas.

Oferecer escolhas

Um dos maiores erros dos adultos é fazer exigências em vez de oferecer escolhas. As crianças geralmente respondem melhor quando tem oportunidades de escolher o que querem.

As escolhas devem ser respeitosas e devem focar na necessidade da situação. Escolhas estão relacionadas a responsabilidade. Crianças mais novas são menos capazes de assumir responsabilidades, então suas escolhas devem ser mais limitadas. Já as crianças mais velhas são capazes de fazer escolhas mais amplas, porque podem assumir mais responsabilidades pelas consequências de suas escolhas. Por exemplo: uma criança mais nova pode escolher ir para a cama agora ou dentro de cinco minutos, já um adolescente pode ter total escolha sobre a hora que ele vai dormir, desde que ele assuma a responsabilidade de levantar cedo no dia seguinte e cumprir com suas obrigações. 

Sempre que uma escolha for dada, ambas as alternativas devem ser aceitáveis para o adulto. E é importante pensar nas escolhas que você dará. Por exemplo você perguntar para uma criança se ela quer escovar os dentes enquanto ela está assistindo um desenho, provavelmente ela vai escolher não! Em vez disso você pode dizer: “você quer escovar seus dentes agora ou quando acabar esse desenho?

Substitua o não por assim que você….

Assim que você recolher seus brinquendos, nós vamos ao parque.

Assim que você terminar sua lição você pode encontrar seus amigos.

Assim que você arrumar seu quarto, você pode assistir sua série.

Todas essas afirmativas são ouvidas pela crianca como uma afirmativa gentil. Do contrário, se você diz: “se você fizer sua lição você pode brincar, a criança escuta isso como um desafio a ela, o que pode causar resistência na criança em cooperar.

Na verdade, tudo é a forma como falamos e nos comunicamos.  O ser humano é projetado para sobreviver e o cérebro é o protetor da espécie. Assim sendo, tudo que anula nossa individualidade e nosso poder de escolha, nos leva a resistência e a vontade de lutar.  Por isso falar de forma gentil é mais eficiente do que fazer exigências.

Todos essas ferramentas são efetivas quando usadas e ensinadas de uma maneira amigável. Sua atitude, intenção e conduta são as chaves para o sucesso!

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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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