Artigo de Mona Delahooke, traduzido e adaptado por Juliana Palma

Como apoiar alunos com desafios Comportamentais e neurodivergentes na educação e educação Especial? Essa é uma pergunta que todos os professores fazem quando precisam lidar com esse desafio.

E apesar de trazer uma história baseada na cultura de outro país, quero ressaltar que a ideia não é mostrar o que é feito lá fora, mas o que podemos fazer aqui no Brasil. Por isso, trago a história de Davon, escrita por Mona Delahooke, para que possa inspirar pais, professores, educadores e todos os profissionais que lidam com crianças que necessitam ser aceitas e desenvolvidas pelo o que elas necessitam e não apenas pelo seu diagnóstico.

“Davon”, um menino quieto e amoroso de oito anos com diagnóstico de autismo, foi colocado em uma classe de educação especial com outros dez colegas. Incapaz de usar a linguagem falada, ele empregou um sistema de troca de imagens para se comunicar. Seu professor trabalhou duro para determinar o que ele precisava ou queria, mas muitas vezes Davon chorava alto e se movia pela sala de aula enquanto tocava as paredes com as mãos. Seus pais me pediram para observar Davon e aconselhar o professor e a equipe sobre como ajudá-lo com esses comportamentos e a difícil transição para sua nova sala de aula.

No dia em que observei, Davon se esforçou para permanecer sentado durante uma aula de leitura. Cambaleando para trás em sua cadeira e fazendo vocalizações altas, ele finalmente se levantou, ignorando os apelos de seu professor para retornar à mesa. A interação estava em total contraste com o que eu testemunhara minutos antes no parquinho. Lá, ele correu até a professora e mostrou a ela um punhado de folhas que juntou. Ele sorriu, parecia relaxado e estava emocionalmente envolvido – claramente conectado com o professor. Dentro da sala de aula, porém, Davon parecia desorganizado e distante, aparentemente a quilômetros de distância.

Em uma reunião de equipe no final do dia, refletimos sobre o forte contraste entre a estabilidade emocional de Davon e a disponibilidade fora e dentro da sala de aula. Criamos uma lista de hipóteses para explicar seus comportamentos e maneiras como podemos oferecer suporte. A equipe acreditava que Davon estava comunicando que queria ou não queria algo por meio de seu comportamento. Foi assim que eles foram treinados para ver todos os comportamentos dos alunos. Através da minha lente de olhar além dos comportamentos, vi a fisiologia de uma criança lançando os comportamentos, com a questão principal sendo: como o professor poderia ajudá-la a usar seu relacionamento com ela para que ela soubesse o que seu corpo e mente necessitavam?

Quando a equipe aplicou uma abordagem baseada no desenvolvimento e no relacionamento às lutas de Davon, novas estratégias surgiram. Agora, seus professores viam sua linguagem corporal (oscilando e fazendo barulho) como um reflexo do estado de seu sistema nervoso, em vez de um “descumprimento”.  Dentro da sala de aula, os sons, as luzes e um ambiente agitado apresentavam mais desafios sensoriais para Davon do que no playground, onde ele podia se mover e se sentir mais confortável. Dentro da sala de aula, era mais difícil para Davon acessar o professor e obter ajuda para seu sofrimento interno, então seus movimentos comportamentais (físicos) aumentaram . As sensações e as emoções resultantes nos impelem a nos mover, e todos os comportamentos de Davon foram uma pista para nos ajudar a entender como ajudá-lo.

Vamos reformular como vemos os comportamentos “desafiadores” ou “não conformes”. Quando os comportamentos perturbadores aumentam, devemos primeiro perguntar se estamos atendendo e apoiando as necessidades emocionais e / ou físicas da criança. Se os comportamentos de uma criança são a única maneira pela qual ela pode indicar a necessidade de apoio, prestar atenção aos significados subjacentes aos comportamentos é fundamental para o desenvolvimento da confiança da criança nos relacionamentos. Quando os adultos em sua vida consideraram as necessidades emocionais de Davon, eles criaram um novo plano com foco em melhorar compassivamente sua habilidade de comunicar suas necessidades.O ajudante de classe e o professor ficaram perto de Davon durante as transições ao longo do dia escolar, observando-o de perto em busca de sinais de estresse e fornecendo apoio quando necessário. Como resultado dessa mudança, seus comportamentos negativos diminuíram drasticamente.

Estabelecer relações de confiança é fundamental e requer calor, paciência e uma atitude de reflexão. Vamos usar isso como nosso guia e parar de manipular artificialmente os comportamentos das crianças fora do entendimento de suas verdadeiras necessidades.

Aqui no Brasil tenho trabalhado para desenvolver uma terapia alternativa que ajuda as crianças a ouvirem seu corpo, para saber mais clique e conheça o Programa TERAPOIO.

Texto de Mona Delahooke, PhD
Extraído de Delahooke, Social and Emotional Development in Early Intervention
Traduzido e adaptado por Juliana Palma


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Juliana Palma

Pedagoga e Ma em Educação. Especializada em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Análise do Comportamento, Terapia Aba e Altas Habilidades. Acadêmica do curso de Nutrição na Universidade Estácio de Sá. "Descobri o TDAH aos 33 anos e hoje me dedico a ajudar outros adultos na avaliação e na intervenção do transtorno." Atendo de forma online, crianças, adolescentes, adultos e idosos do mundo todo, que buscam superar as dificuldades de aprendizagem nos estudos ou em sua carreira.

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